domingo, 31 de janeiro de 2010

Insônia


O relógio ainda marcava três e meia da manhã. O vento soprava pela janela entreaberta, fazendo as cortinas balançarem suavemente. A lua cheia brilhava fortemente no céu escuro como se zombasse das estrelas sem graças com suas fracas luzes próprias.

Embora fosse uma noite tranquila, uma garota se remexia inquieta em sua cama. Os minutos se arrastavam enquanto a insônia lhe consumia. Virou para um lado, virou para o outro, cobriu a cabeça... nada! O sono não vinha. Resolveu se levantar, tomar um copo de água e dar uma volta pela casa para espairecer os pensamentos.

O carpete abafava seus passo curtos. A sala escura e silênciosa era quase assustadora. Uma coisa fofa e felpuda passou por seus pés dando-lhe um sobressalto. Era só a gata de sua irmã mais nova. Ignorou o bichano e continuou rumo a cozinha, amaldiçoando mentalmente o animal.

Enquanto a torneira enchia seu copo, a garota de longos cabelos negros ouviu um barulho não habitual. Tec tec tec. Olhou para os lados procurando pela gata. Mas ela ressoava tranquilamente em cima do sofá, em uma posição certamente bizarra. Tec tec tec. O som novamente ressoava pelo corredor quieto. A garota sentiu uma gota de suor brotar em sua testa. Paralisou no chão frio da cozinha e apurou os ouvidos para tentar detectar alguma anomalia.

Por mais uns 10 ou 15 minutos só ouviu as fortes batidas de seu coração. Já havia se acalmado, e garantia a si mesma ser fruto de sua imaginação quando novamente o barulho atormentou de algum lugar tec tec tec. Agora suava frio, suas mãos estavam escorregadias. As luzes do corredor do prédio se acenderam, deixando uma faixa iluminar a sala. Ouviu passos no corredor.

Correu ao olho mágico para se certificar de que não era um ladrão. Viu o vizinho entrar na porta ao lado. Respirou fundo e tentou aquietar as batidas frenéticas em seu peito. Já voltava à cama quando por outra vez ouviu mais forte e mais alto o misterioso barulho TEC TEC TEC. Correu a janela, olhou pelo gramado em busca de algo, observou o céu, buscou por um fantasma que fosse. Nada, silêncio, marasmo.

Pensou que estava louca, achou que fosse o sono lhe pregando piada quando um vulto correu por meio os jardins. Pôs a cabeça para fora, estreitou os olhos e tentou reconhecer a forma estranha que se movimentava. Por fim sentiu uma dor na cabeça. Uma pedra. Alguém lá fora lhe atirara uma pedra na cabeça!

-Hei! - sussurrou a voz no meio da grama.
A garota arregalou os olhos.

-Boa noite linda. Sonhe comigo! - Deu um sorriso e saiu correndo pelo breu.

Ela sorriu. Como ele sabia que estava com insônia novamente? E o que estava fazendo ali a essa hora? Respirou aliviada e deitou-se na cama. A luz vermelha do despertador anunciava que teria de acordar dali a quatro horas.

Encostou a cabeça no travesseiro exausta e adormeceu. Sonhou com um cara misterioso que andava por seus jardins.


Madrugadas inspiradoras!
Beijoquinhas!

Um comentário:

  1. !!!
    Adorei!
    Primeiro, eu me identifiquei. Insônia é um saco. Depois, fiquei curiosa, e então com medo do tal tec, tec, tec. Mas depois... um cara misterioso? Como assim? E ela conseguiu dormir. E sonhou com ele. E... e... fim.
    Gostei muito, Sam! Muito bem escrito!
    Parabéns!
    Beijos

    ResponderExcluir